O promotor que acusa o palhaço de ter burlado a Justiça Eleitoral, Maurício Lopes, já está ciente da estratégia e prometeu se empenhar ao máximo para “pegar” o deputado eleito. “Advogado é sórdido. (...) Mas, se eu fosse advogado do Tiririca, também protocolaria a defesa dele às 18h50, 10 minutos antes de o fórum fechar”, disse Lopes. O promotor acusou Tiririca de analfabeto logo depois da eleição e disse que essa condição o impede exercer o mandato. O deputado eleito teria até amanhã para apresentar a sua defesa. Como se trata de um sábado, o prazo foi estendido para a próxima segunda-feira.
Enquanto Tiririca não se manifesta, o Ministério Público age. Para tentar enquadrar o palhaço, Maurício Lopes pesquisou com educadores brasileiros e estrangeiros o conceito de analfabetismo. “O entendimento, até agora, é que ele tem que ler, escrever e interpretar um texto, e não somente reproduzir aquele pedido de candidatura que está no Tribunal Regional Eleitoral”, ressalta o promotor. Uma funcionária que trabalhou na campanha de Tiririca admitiu que ele não sabe ler com desenvoltura, mas garantiu que ele não é 100% analfabeto. Ela disse que o Partido da República e políticos que foram beneficiados pela expressiva votação do palhaço estão custeando aulas integrais com professores gabaritados. “Já conversei com diversos especialistas. É impossível alguém ser alfabetizado tão rapidamente. Ainda mais, sob pressão”, desafia o promotor.
É justamente a pressão exercida pelo Ministério Público que vai ser questionada pela defesa de Tiririca. Uma advogada do escritório que defende o palhaço disse que a ação do promotor mais humilha o deputado eleito do que tenta esclarecer qualquer dúvida sobre a escolaridade do acusado. O Correio apurou que os advogados também estão juntando casos de deputados estaduais e até mesmo de federais que exerceram seus mandatos sem escolaridade avançada.
Até a semana passada, o promotor Maurício Lopes batia na tecla de que nem era importante descobrir se Tiririca sabe ler e escrever. Segundo ele, o maior problema era que o documento que pedia a candidatura do deputado eleito, feito à mão, não tinha sido feito pelo candidato, apesar de ter a assinatura dele. Isso caracterizaria falsidade ideológica. Uma perícia do IML de São Paulo atestou que pelo menos três pessoas escreveram o texto. Mas um especialista em fraude eleitoral já advertiu o Ministério Público que não faz a menor importância se foi ou não o palhaço que escreveu o documento. “O que importa mesmo é o conteúdo”, admite hoje o promotor.
Como a tese da falsidade ideológica caiu por terra, o Ministério Público passou a investigar ainda mais a vida de Tiririca na intenção de descobrir elementos que possam inviabilizar a sua diplomação. A mais recente descoberta envolve a carteira de habilitação do deputado eleito. “Já está provado que é falsa, pois foi tirada numa cidade em que houve derrame de habilitações falsas e onde Tiririca nunca morou”, comemorou o promotor.
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