Carlinhos Granada diz que foi ameaçado para mentir em depoimento

Em vídeo, acusado de participação na morte de Pinté diz que foi ameaçado pelo delegado Alcindo Júnior para mentir; delegado nega acusação

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Sanderson Moura apresentou vídeo enviado por Carlinhos Granada (Foto: Gleyciano Rodrigues)
Um vídeo onde Carlos Henrique Pereira, 27 anos, o Carlinhos Granada, afirma que foi ameaçado pelo delegado Alcindo Ferreira Júnior para depor contra o prefeito de Acrelândia, Carlinhos Araújo e outros quatro acusados de participação na morte do vereador Pinté, pode mudar os rumos das investigações. O vídeo foi apresentado na tarde desta quinta-feira, 4, pelo advogado Sanderson Moura.

Preso no dia 22 de setembro, mas beneficiado com a delação premiada, Carlinhos Granada afirma que só disse em depoimento que recebeu R$ 30 mil de Jonas Prado, para matar Pinté, porque foi ameaçado pelo delegado Alcindo Júnior, responsável pelas investigações.

"O que falei nesse último depoimento é mentira. Falei tudo aquilo porque fui coagido pelo delegado. Eu não sabia nada sobre esse caso, mas o delegado me levou para o Ministério Público e dentro de uma sala me obrigou a falar mentira, dizendo que se não falasse ia apodrecer na cadeia", afirmou.

Pedindo proteção para sua família, Carlinhos Granada, questiona a forma como as investigações foram feitas, pedindo que a Justiça investigue outras pessoas que segundo ele, receberam cargos de confiança na Prefeitura para depor contra o prefeito Carlinhos Araújo.

"O delegado disse que minha esposa corria risco. Ela está grávida e tenho três filhos. Meu primeiro depoimento é o verdadeiro. Agora que sai da cadeia e estou seguro, posso falar a verdade", disse.

Carlinhos Granada diz que a prisão do prefeito Carlinhos Araújo e dos outros acusados "é uma injustiça". "Espero que as pessoas que eu acusei me desculpem, eu sabia que ia voltar atrás, pois estava ameaçado. O que falei no depoimento na sala do delegado é mentira", garantiu.

O advogado Sanderson Moura revelou que vai encaminhar a gravação ao juiz responsável pelo caso, ao desembargador Adair Longuini e ao Ministério Público, e que vai pedir a liberdade dos acusados.

"Não existem provas. A prisão dos acusados foi decretada com base no depoimento do Carlinhos Granada que mentiu e, agora, revela toda verdade. Portanto, os acusados devem ser soltos", explicou.

"Ele foi orientado para fazer essa gravação", diz delegado

O delegado Alcindo Ferreira Júnior, afirmou que toda investigação foi feita de acordo com a Lei e que em nenhum momento fez ameaças a Carlinhos Granada. "Ele foi ouvido três vezes. Uma em Acrelândia, ainda como testemunha. Depois foi ouvido na Penitenciária onde disse que não tinha nada a ver com o crime. E, depois, foi ouvido aqui, onde ele disse que estava com medo. Nessa oportunidade, ele decidiu revelar a verdade depois que soube da delação premiada", informou.

Alcindo Júnior lembrou que o depoimento de Carlinhos Granada foi realizado na presença do promotor Álvaro Pereira e do advogado Joel Benvido. "Não fizemos pressão. Eu não estava em busca de culpados, mas de elucidar esse crime. Quero lembrar que o depoimento dele é apenas uma prova e que complementou as informações que já tínhamos", esclareceu.

Ressaltando que o depoimento de Carinhos Araújo foi gravado e que o acusado chegou a pedir proteção, pois estava com medo, o delegado disse que "ele foi orientado para fazer a gravação, pois aborda pontos estratégicos".

"Me admira muito a forma como a defesa está agindo. O inquérito está concluído e já foi encaminhado para a Justiça. Temos outras provas e o depoimento do Carlinhos Granada é apenas mais uma prova. Existe a quebra de sigilo telefônico e outros fatos", garantiu

Ele informou ainda que já foi feito um pedido de prisão preventiva para o prefeito Carlinhos Araújo, pois a prisão temporária encerra no próximo domingo, 7.

Delação premiada

O benefício da delação premiada garante, entre outras coisas, que o acusado passe a ser um "réu colaborador", podendo cumprir sua pena fora do Estado onde o crime foi cometido; proteção para a família e diminuição da pena.

Vereadores de Acrelândia podem cassar Carlinhos Araújo nesta sexta

O prefeito afastado de Acrelândia, Carlos César Nunes de Araújo, preso desde o dia 7 de outubro, acusado de ter participado do assassinado do presidente da Câmara de Acrelândia, Fernando José Costa, o Pinté, pode ser cassado nesta sexta-feira, 5.Carlos César é acusado de desviar R$ 1. 302.000,00 (Hum milhão Trezentos e dois mil reais) do Fundeb - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica durante o período em que administrou a Prefeitura de Acrelândia. De acordo com o vereador Humbertino Moura, a constatação foi feita pelo Ministério Público Estadual, o Setor de Patrimônio Público do Acre e pelo Tribunal de Contas do Estado. “Essas três instituições, inclusive, já apresentaram seus relatórios mostrando que realmente houve desvio dos recursos do Fundeb”, diz o parlamentar.Pelos menos quatro vereadores já declararam que irão votar pela cassação de Carlos César: Humbertino Moura (PMN), Djalma Pessoa (PP), Gildésio Villas Boas (PSDB) e Gerson Mota do Partido dos Trabalhadores.Os vereadores de Acrelândia deverão votar o processo de afastamento do prefeito nesta sexta-feira, em uma sessão que será assistida por centenas de pessoas do município e de outros lugares do Acre.