Currículo para a formação de Agentes Agroflorestais Indígenas é aprovado no Acre


A Comissão Pró-Índio do Acre (CPI/AC) obteve a aprovação da sua proposta curricular para a Formação Profissional e Técnica de Agentes Agroflorestais Indígenas (AAFIs). Assim, a instituição está apta a certificar e diplomar os seus agroflorestais como técnicos de nível médio. A proposta foi aprovada pelo Conselho Estadual de Educação (CEE) em dezembro de 2009. A formação dos AAFIs agora está reconhecida pelo Ministério da Educação como curso técnico e profissionalizante.
“Percebemos que a proposta está de acordo com a legislação vigente, e apresenta a documentação das condições adequadas ao funcionamento do curso, apresentando alternativa pedagógica compromissada com a aprendizagem dos alunos”, escreve a conselheira do CEE, Elisete Silva, no parecer expedido pela instituição.
O currículo foi elaborado pela CPI/AC e é resultado de 13 anos de trabalho com formação de agroflorestais indígenas. O documento se baseia nas propostas e práticas da educação escolar indígena, com conhecimentos adquiridos em duas línguas e específicos para a realidade desses povos. Por isso, se diferencia de outras propostas de formações para ensino médio no país.
Para Nietta Monte, coordenadora pedagógica da CPI/AC, a proposta curricular é um dos processos para enfrentar o desafio de integrar a educação profissional à educação escolar indígena. “O currículo está fundamentado na autonomia intelectual das sociedades indígenas, sua sustentabilidade cultural, econômica e socioambiental, que se relaciona com os processos formativos desenvolvidos no Acre e no Brasil”.
Raimundo Siã Huni Kui, agroflorestal da Terra Indígena Kaxinawá da Colônia 27, conta que a aprovação do currículo é mais um passo para o reconhecimento da sua categoria. “Eu agradeço às entidades que nos apoiaram e tornaram possível a aprovação do nosso currículo. Um diploma para os AAFIs é um documento importante para a melhoria do nosso trabalho”, afirmou.
A CPI/AC realiza a formação de AAFIs desde 1996. Atualmente, 121 indígenas de onze povos de 21 terras estão recebendo a formação para agroflorestais. Nesse período, foram realizados 16 cursos presenciais e mais de 30 oficinas itinerantes em terras indígenas. Outros três cursos estão previstos para 2010, dentre eles, o de conclusão dos alunos da primeira turma, aptos a receberem o certificado.
Os cursos são resultados de projetos desenvolvidos pelo Programa de Gestão Territorial e Ambiental da CPI/AC, voltado para as áreas profissionalizantes do currículo. As áreas da formação básica ocorrem em parceria com o Programa de Educação e têm como objetivo intensificar as atividades de gestão territorial e ambiental das terras indígenas, experiência pioneira no Brasil.
O processo de formação se dá por meio de cursos presenciais no Centro de Formação dos Povos da Floresta (CFPF), oficinas itinerantes em terras indígenas, intercâmbios e conhecimentos em rede. Nas aldeias, os AAFIs realizam as atividades de implantação de modelos demonstrativos do que foi estudado nos cursos.
“A aprovação do currículo vem reforçar que o trabalho dos AAFIs é indispensável para a agenda ambiental do Acre. Eles são os responsáveis pela proteção da floresta, das águas, pelo manejo dos recursos naturais e da biodiversidade. Sabemos o tamanho da responsabilidade da nossa escola e temos o desafio de somar esforços para efetivar políticas sustentáveis que garantam as condições de trabalho e o futuro destes profissionais da floresta”, afirma Vera Olinda, diretora do CFPF.Com informações, CPI

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