Crise da AME pode derrubar até vereador Vieira




A eleição do Sargento Vieira como vereador por um pequeno partido, PSH deu a Associação dos Militares do Acre uma projeção jamais imaginada. Militares que até então eram desprezados e mal tratados nas relações com o governo e pelo próprio comando da Polícia Militar, passaram a ser respeitados e ter, de fato, representatividade. O "boom" foi o movimento salarial dos militares que culminou com a prisão do major Werles Rocha e seu lançamento como pré-candidato a deputado estadual diante de todo clima de sentimentalismo criado em torno daquele que representou uma nova liderança sindical do Acre. Mas a inveja logo contaminou o ambiente que parecia próspero. Incomodado com tamanho crescimento, a primeira medida do presidente da AME, Natalício Braga, foi afastar Rocha da vice-presidência do sindicato sob a alegação de que o Major era queimado com o governo e atrapalhava nas negociações salariais. "Para não prejudicar a tropa eu me afastei, fui ser membro do Conselho Deliberativo", disse Rocha tentando amenizar a crise que a associação vive.
Mas diante da mudança de postura de Natalício que estaria até se encontrando as escondidas com lideranças do PCdoB, manifestando-se contra um projeto criado a partir da eleição do vereador Vieira, militares desconfiados com a atitude do presidente ficaram de orelha em pé e a primeira ordem era fazer uma rígida fiscalização para saber como andava as Ações da AME, que nos últimos dias tinha deixado de defender interesses básicos dos militares. E nem precisou uma auditoria para os membros do Conselho descobrirem um verdadeiro rombo.
Além da denúncia de desvio de combustível, o presidente da Associação de Militares do Acre, ainda vai ter que explicar para onde foram os recursos de assessoria nomeadas pelo vereador Vieira que deveriam estar depositados em um fundo de saúde, que deveriam estar depositados em uma conta específica destinada a assistência social dos associados.
Há ainda suspeitas de que Braga tenha contraído empréstimos através das assessorias, já que segundo membros do Conselho Deliberativo, elas teriam nomeado seus parentes para facilitar o controle administrativo das contas. Esses empréstimos teriam ajudado o presidente da associação comprar um veículo tipo Caçamba, no nome de um dos irmãos. Essa caçamba, segundo denuncias, esta alugada para o Deracre. "Isso mostra claramente o atrelamento de um representante da categoria com o governo e explica o insucesso nas negociações", acrescentou Rocha.

Nervosismo e descontrole marcou reunião de "lavagem de roupa suja"
A portas fechadas e sem a presença da imprensa, foi realizada a reunião convocada as pressas por Braga, que acuado diante das denúncias, tentou se explicar para a categoria. Tentou, mas não convenceu. Para o Coronel Nilson, por exemplo, "é preciso dar o prazo de defesa e direito de contraditório, mas depois disso o remédio é afastamento", opinou.
A reunião tumultuada só serviu para revelar mais indícios de irregularidades. "O Braga já deveria ter saído há tempos", disse um soldado que preferiu não se identificar.
Após notificado, o Conselho Deliberativo determinou o prazo de 10 dias [que vence na próxima terça, 29] para que o presidente apresente por escrito, o relatório detalhado com as despesas que precisa comprovar. Ao todo, são mais de R$ 70.000,00 gastos com cartão corporativo, cheques, assessorias e outras serviços de rotina na Associação.
Após a Assembléia que terminou com os associados abandonando a reunião, Braga disse que está sendo perseguido pelo Major Rocha "e um poderoso esquema visando as eleições de 2010 que vai passar por cima de tudo e de todos". Ele negou as acusações. Com relação as assessorias, Braga disse que o único que poderia falar era o vereador Vieira.
O Major Rocha disse que a briga se deu em função das irregularidades que precisam ser esclarecidas. "Não deu pra conviver com toda essa corrupção, em nome da categoria precisamos moralizar essa situação", disse o Major.
O vereador Vieira não quis falar sobre as assessorias. Saindo rapidamente do local da reunião, o militar disse que "elas são legais". Para analistas políticos caso se confirmem o rumo ignorado dos recursos pagos pela verba de gabinete do vereador, este poderia sofrer processo por quebra de decoro parlamentar.
Jairo Carioca - Da redação de ac24horas



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