Médicos formados em Cuba continuam sem poder exercer a profissão no Brasil


Enquanto no Brasil crianças ainda morrem por ataque de verminose, dada a carência de profissionais na área de atenção básica de saúde, mais de 340 médicos formados em Cuba não podem exercer a profissão em decorrência da burocracia imposta pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) na hora de revalidar o diploma. Oito acreanos integram a lista e outros 35 estão em formação.
Anualmente, 100 bolsas são disponibilizadas pelo governo cubano para brasileiros que querem fazer Medicina. A indicação é feita através de entidades sociais, como os partidos políticos. O candidato é submetido ainda a uma prova de seleção, aplicada em Brasília e depois tem que fazer um curso de seis meses, conhecido como Pré-Médico. Cumpridas estas etapas, estará apto a fazer o curso. O problema é quando retorna ao Brasil e o sonho de exercer a profissão se transforma num grande pesadelo.
"Temos casos de médicos que se formaram há cinco anos e até hoje não conseguiram revalidar o diploma", informa o acreano Janilson Lopes Leite, coordenador da Associação Brasileira de Estudantes de Medicina em Cuba (ABEMEC). Segundo ele, a luta pela revalidação já dura cinco anos. Começou em 2004, quando os estudantes entregaram uma carta ao presidente Lula, durante visita realizada por ele à Escola Latino Americana de Medicina, em Cuba.
A reivindicação surtiu efeito. De volta ao Brasil, Lula criou um Grupo de Trabalho formado por representantes dos Ministérios da Saúde, Trabalho e Relações Exteriores para buscar uma saída para o problema. O presidente voltou ainda à Cuba acompanhado de um grupo de reitores de diversas universidades brasileiras para que eles pudessem fazer uma avaliação do curso de Medicina.
"Daí surgiu à proposta da implantação de um projeto piloto para a criação do Sistema de Revalidação de diplomas de todos os médicos formados no exterior, a começar por Cuba", diz Janilson. Através desse sistema, a revalidação seria feita mediante a aplicação de provas teórica e prática pelo Ministério da Saúde. O projeto piloto seria iniciado agora em setembro, mas o Conselho Federal de Medicina já anunciou que vai ingressar com uma ação judicial para impedir.
"Estamos nos preparando para a prova e buscando apoio para tentar resolver esta questão de uma vez", assegura, acrescentando também que uma discussão foi iniciada com o governo do Acre, na tentativa de implantar um convênio com a Escola Latino Americana de Medicina para o aproveitamento destes profissionais. "Nós podemos trazer para o Acre quantos médicos o governo necessitar", garante Janilson.
Convênio com o governo acreano - Além do governo, a Universidade Federal do Acre e a Assembléia Legislativa também participam da discussão. "A idéia é envolver mais pessoas na discussão, como o médico e vice-prefeito, Eduardo Farias, e o senador Tião Viana", disse. Através deste convênio, os médicos formados em Cuba, iriam realizar uma complementação de seis meses no Acre para revalidar o diploma, oferecendo seus trabalhos na rede pública de saúde, com o compromisso ainda de passar mais um ano no interior do Estado. Janilson está atualmente em Rio Branco para dar encaminhamento a discussão.
Dulcineia Azevedo, redação ac24horas

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