20 de Novembro –Dia da Consciência Negra- Entende-se por consciência o momento de tomada de ciência ou conhecimento de fatos do ser humano com relação a algo ao alguém. A data é alusiva e nos leva a uma série de questionamentos os quais tentaremos ao longo deste informe responder e lógico criar outras séries de questionamentos, pois esta é a saga da humanidade. A data é comemorada segundo registros desde a década de 1960 e foi escolhido o 20 de novembro tendo em vista o assassinato de Zumbi dos Palmares, considerado pela historiografia como o mais importante líder do Quilombo dos Palmares. Comunidade esta composta de escravos foragidos nas Américas, mediante dados de pesquisadores a comunidade gentílica era composta por uma população estimada em torno de aproximadamente 30 mil pessoas. Tendo permanecido por aproximadamente 140 anos, deixando como evidências, marcas que a referida existia em 1585 e segundo informações de escravos foragidos teria permanecido até 1740 na Serra da Barriga, ou seja, muitos anos depois do trágico assassinato de Zumbi. Cabe neste momento, uma inferência de um legado nos deixado desde o período colonial pelos nossos antepassados até a nossa geração, legado este que infelizmente nos envergonha, pois o assunto em questões é a Consciência Negra, na Carta Magna brasileira, a nossa Constituição federal em seu artigo 3º reza que “...os objetivos fundamentais da República Federativa são, entre outros, prover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outra forma de discriminação...” como ainda reafirma tal direito no artigo 5º, no qual enfatiza, “...que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza...”. Infelizmente mesmo existindo tais artigos que objetiva uma nação brasileira justa, participativa e solidária tais artigos ainda são bulados na prática cotidiana, na rotina desumana da realidade brasileira. Mas, não podemos nem devemos perder de mente que se faz necessário a tomada de Consciência Negra, uma vez que esses nossos irmãos nos legaram uma contribuição enorme a qual requer nossa atenção e reconhecimento.
De acordo com dados estatísticos do último censo (IBGE 2000), a população brasileira de negros está estimada em 6.2% e de pardos chega a 38,4%, representando 44,6% dado este que evidência que os nossos irmãos negros representam quase 50% da população brasileira. Mas, vale ressaltar que sua presença não está somente na cor da pele do povo brasileiro, mas na sua cultura, crenças e mitos populares, alimentação, comportamento e manifestação social, ou seja, a presença negra está na formação da nação e sociedade brasileira. Sentimos isso, quando analisamos nossos hábitos, desde comportamental até alimentares, no norte do Brasil (Acre) se conta muitos mitos entre eles que comer manga com leite pode fazer mal, podendo resultar em óbito, fato que cientificamente se comprova que tal fato nada tem haver, e que isso é mais um dos vários mitos que foram perpassando de geração para geração desde a colonização brasileira, como forma de tolir hábitos comportamentais e estabelecer regras separatistas entre os grandes senhores de engenhos e os trabalhadores explorados com o árduo trabalho nos canaviais que se implantaram no Brasil, naquele momento colônia de Portugal, fato muito bem registrado pelo Sociólogo Caio Prado Jr., em sua obra Casa Grande e Senzala.
Hoje, já nos é apresentado pelos historiadores uma outra versão de Zumbi, o grande líder dos Palmares, versão esta que nos conta que, a velha história que nos foi ensinada nos colégios que freqüentamos no ensino fundamental e médio de que:
Ø O Quilombo era uma sociedade igualitária, com uso livre da terra e poder de decisão compartilhado;
Ø Zumbi lutava contra a escravidão;
Ø Zumbi foi criado por um padre, recebeu o nome de Francisco e aprendeu latim;
Ø Ganga-Zumba, líder que antecedeu Zumbi, traiu o quilombo ao fechar acordos com portugueses. Pode não ser verdade, segundo reinterpretações realizadas pelo escritor Carioca Flávio dos Santos Gomes autor de um livro intitulando Histórias de Quilombolas, surgiria uma nova versão na qual poderíamos segundo ele (o autor do livro), garimpar os mitos e conhecer a História dos quilombos, na qual por sua vez apresenta os fatos ora retro mencionados da seguinte forma:
Ø Havia em Palmares uma hierarquia, com servos e reis tão poderosos quanto os da África;
Ø Zumbi e outros chefes tinham seus próprios escravos;
Ø As cartas em que um padre daria detalhes da infância de Zumbi, na verdade foram forjadas, ou seja, não existiram;
Ø Ao romper o acordo com Portugal, Zumbi poderia ter precipitado a destruição do Quilombo.
Como vimos nos é apresentado uma outra e nova versão dos fatos, mas o que não podemos e não devemos esquecer é que em 20 de novembro comemoramos o dia Nacional da Consciência Negra, e devemos aproveitar tal ensejo para trabalharmos a tão sonhada e necessária para boa convivência, no sentido de respaldamos com nossa nação brasileira, nação esta constituída do fruto de uma miscigenação composta de três elementos étnicos: brancos, negros e índios, idéia necessária no tocante a nossa tomada de consciência e crescimento como pessoas sensitivas que necessitamos de crescimento na construção da história da humanidade.
Fonte: http://www.tarauacadahora.com.br/
Tarauacá-Acre, 20 de novembro de 2008.
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